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A Economia do Conforto

As Pessoas Querem Se Sentir Mais Aconchegantes

Imagine chegar em casa após um dia longo, vestir seu moletom favorito, preparar uma xícara de chá quente e acender uma vela com cheiro de baunilha. Esse cenário soa tentador? Para muitos, ele vai além de uma rotina de autocuidado: é uma declaração de estilo de vida. Bem-vindo à economia do conforto, onde a busca por aconchego se tornou um motor cultural e financeiro.


De onde veio essa obsessão por “cozy vibes”?

Para entender esse fenômeno, precisamos voltar à pandemia de 2020. O mundo desacelerou, e nossa casa virou nosso universo. De pijamas de luxo a sofás macios como nuvens, começamos a investir pesado em tudo que nos fazia sentir bem dentro de quatro paredes.

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Fonte: @sam_hana

Mas a "comfort economy" não nasceu apenas da pandemia. Essa busca pelo aconchego encontra raízes profundas no conceito nórdico do "hygge" – um estilo de vida que celebra pequenos prazeres cotidianos e o calor humano. Combine isso com a filosofia do slow living, que prega uma vida mais desacelerada e apreciativa, e temos um movimento global que redefine prioridades.


Mas o impacto desse movimento vai além das compras. Ele reflete mudanças comportamentais, especialmente nas redes sociais, onde hashtags como #CozyVibes, #SlowLiving e #ComfortCore se tornaram cada vez mais populares. E, segundo uma pesquisa do Pinterest, entre 2023 e 2024, os usuários passaram a buscar a combinação perfeita entre estilo e conforto. Termos como “estética de quarto floral” cresceram 370%, enquanto “solário aconchegante” e “sala de leitura aconchegante” aumentaram impressionantes 930% e 140%, respectivamente. O uso de plantas purificadoras de ar, luzes suaves e velas de flores não é só uma busca estética, mas também uma tentativa de criar espaços que representem mais do que conforto, representam um estilo de vida que é aspiracional.

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Mas por que agora estamos dispostos a investir tanto para criar esses ambientes de conforto?

A resposta passa por três fatores principais: o estresse global, a nostalgia e a pressão estética das redes sociais.


Vivemos em um momento de incertezas – seja com crises climáticas ou uma constante sensação de burnout – e o conforto se tornou uma fuga tangível, uma forma de criar pequenos refúgios no caos. Produtos que evocam tempos mais simples, como tricôs artesanais ou cadeiras de balanço, têm um poder emocional imenso. E, claro, as redes sociais impulsionam essa busca por estética: quem nunca se deparou com uma imagem de uma sala iluminada por luzes suaves, com cobertores macios e uma atmosfera acolhedora? Essa busca não é apenas sobre criar o ambiente perfeito para nós, mas também sobre mostrar que nós fazemos parte dessa estética de bem-estar.

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Embora a comfort economy tenha seus críticos – muitos argumentando que ela favorece uma camada mais elitista da sociedade – a tendência parece mais uma resposta à busca por um senso de equilíbrio e bem-estar.


Tem um escritor famoso chamado Alain de Botton que defende em sua obra “A Arquitetura da Felicidade”, o ambiente ao nosso redor molda nosso bem-estar emocional. Assim, investir em conforto é, em última análise, investir em nós mesmos.E, se investirmos em conforto, talvez seja porque, no final das contas, investir em um ambiente acolhedor seja, na verdade, uma forma de investir em nós mesmos.

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Fonte: Wix

O futuro dessa busca pelo aconchego parece ainda mais conectado ao impacto da tecnologia.  A próxima fase da comfort economy? Talvez seja uma fusão entre tecnologia e aconchego, mas casas inteligentes que ajustam a temperatura do ambiente de acordo com o seu humor. Enquanto isso, continuamos buscando nossos pequenos pedaços de conforto – um chá quente, uma luz baixa, um sofá que nos abraça. Afinal, em um mundo imprevisível, o conforto é um dos poucos luxos que algumas pessoas ainda podem controlar.

Fonte: Wix

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Por Rafaela Fornitani             8 de janeiro de 2025

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