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Boba Tea: Muito Além da Tendência

Um Olhar Sobre Suas Raízes Culturais

No vibrante mosaico da cultura urbana, poucas bebidas conquistaram tanto espaço quanto o boba tea. Espera-se que as vendas globais de chá de bolhas cresçam a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) de 9,5% durante o período de avaliação de 2024 a 2034, de US$ 3.632,4 milhões esperados em 2024 para US$ 8.887,6 milhões projetados em 2034.


Surgido nos mercados de rua de Taiwan na década de 1980, essa mistura que combina chá adoçado com “pérolas de tapioca” oferece uma experiência sensorial que conquistou o mundo nos últimos anos. Sua ascensão de uma especialidade regional a um fenômeno global reflete o delicado equilíbrio entre preservação cultural e comercialização.

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Raízes Culturais e Conexões Globais


Mais do que um fenômeno culinário, o boba tea carrega camadas de história. A tapioca, por exemplo, é uma prova viva da globalização alimentar: nativa da América do Sul (viva nossa América do Sul!), encontrou um novo lar na Ásia graças às rotas comerciais do passado. Essa troca cultural reflete a essência do boba tea como uma bebida que conecta o local ao global.


Nos últimos anos, no entanto, o boba tea também se tornou um símbolo de resistência cultural para a diáspora asiática. Em cidades como Nova York, Londres e São Paulo, lojas de bubble tea são mais do que espaços comerciais; elas são pontos de encontro que celebram tradições, promovem encontros intergeracionais e fortalecem o senso de comunidade.

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Um Retrato de Taiwan


A origem do boba tea está profundamente ligada à herança culinária de Taiwan. A bebida surgiu como uma inovação criativa, misturando chá tradicional com ingredientes locais para atrair o paladar jovem da época. O termo "boba" faz referência à forma esférica das tapiocas, e ilustra o caráter descontraído e lúdico da bebida. À medida que se popularizou, o boba tea evoluiu para incorporar frutas em pó, gelatinas variadas e cremes não lácteos, adaptando-se às demandas práticas e ao gosto de novos públicos.

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A linha entre celebração e apropriação é muitas vezes delicada


A linha entre celebração e apropriação cultural é muitas vezes delicada. A primeira loja de Boba Tea chegou aos Estados Unidos na década de 1990, mas sua expansão global não se deu sem controvérsias. Um episódio notável ocorreu no programa canadense Dragons' Den (semelhante ao Shark Tank), quando os empreendedores apresentaram o "Bobba", uma versão industrializada da bebida, acrescentando um "B" extra. Eles descreveram o boba tea como uma "bebida açucarada e trendy", necessitando de inovação para se tornar mais saudável, o que gerou indignação.

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Fonte: cbcgem

O principal problema aqui é a mentalidade de "melhorar" a comida de outras culturas, sem o devido conhecimento histórico ou cultural, o que revela um desrespeito pela essência da tradição. O ator Simu Liu, presente no programa, criticou a abordagem, apontando a insensibilidade cultural envolvida. "Eu estaria promovendo um negócio que lucra com algo que é tão caro para o meu patrimônio cultural", disse Simu Liu.


Sua intervenção gerou uma discussão mais ampla sobre a linha tênue entre apreciação cultural e apropriação, ressaltando a importância de respeitar as origens e o significado simbólico de produtos culturais.


Devido à viralização do episódio, a Bobba recebeu ataques de ódio, o que levou Liu a se manifestar novamente em suas redes sociais. Ele pregou o respeito no ambiente online, destacando que, embora a empresa merecesse críticas, algumas linhas não devem ser cruzadas.

Fonte: Wix

Por outro lado, iniciativas como a da marca Twrl Milk Tea, fundada por empreendedoras asiático-americanas, mostram que é possível valorizar a herança cultural em negócios. A marca utiliza ingredientes de fazendas asiáticas familiares e enfatiza as origens do chá em seu marketing, oferecendo um modelo de como expandir uma tradição sem apagar sua essência.

O Caminho Adiante: Consumo Consciente


À medida que o boba tea se consolida como parte da cultura urbana global, ele nos lembra da importância de um consumo culturalmente consciente. Celebrar o boba tea vai além de acompanhar tendências; é um ato de valorização das histórias e das comunidades que deram vida à bebida.


Em um mundo onde o que consumimos frequentemente carrega raízes profundas, escolher uma bebida aparentemente simples pode ser um ato de conexão e respeito cultural. Afinal, um copo de boba tea é muito mais do que moda: é uma ponte entre passado, presente e futuro.

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Por Rafaela Fornitani             8 de janeiro de 2025

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