A cumbia é muito mais do que uma dança ou um ritmo. É a expressão viva do encontro entre povos e patrimônio cultura da Colômbia.
Do lado indígena, vieram as flautas e instrumentos de percussão que acompanham rituais e festas tradicionais. Da herança africana, os tambores e a cadência sincopada imprimiram a alma da dança. Já os europeus trouxeram instrumentos como o acordeão e a gaita, além das estruturas musicais que ajudaram a moldar o gênero. Essa fusão criou um som único, símbolo do sincretismo cultural latino-americano.
A palavra “cumbia” tem raízes no quimbundo “cumbé”, que significa dança. A partir dos séculos 17 e 18, nas comunidades afro-indígenas do Caribe colombiano, a cumbia passou a ser uma forma de celebração social e espiritual. Seu ritmo e dança eram parte fundamental de rituais, festas religiosas e momentos comunitários.
Mais do que entretenimento, a cumbia foi uma forma de resistência cultural contra a colonização e a imposição europeia. Era, e ainda é, um território onde povos originários e descendentes de africanos afirmam sua identidade e histórias.
A dança da cumbia é marcada pelo movimento de passos arrastados, balanço dos quadris e a interação entre homens e mulheres. Os trajes tradicionais reforçam essa história: vestidos longos e rodados para as mulheres, e roupas simples com chapéu para os homens. Esse visual é um reflexo do encontro das culturas que deram origem ao ritmo. A dança, originalmente, tinha um caráter cerimonial, simbolizando encontros entre o sagrado e o profano, o céu e a terra.
Com o passar do tempo, a cumbia deixou seu território original e se espalhou por toda a América Latina, onde ganhou novas roupagens:
Apesar das variações, o coração da cumbia segue firme: celebrar a vida, a resistência e a cultura latino-americana.
A cumbia traduz em som a história de um continente marcado pelo encontro e pela mistura. Cada passo e batida conta histórias de resistência, alegria e identidade. É uma cultura viva, que resiste e se reinventa a cada geração.
E essa herança continua viva e pop. O astro porto-riquenho Bad Bunny, um dos maiores nomes da música global atual, já incorporou elementos de cumbia em algumas faixas. Ele mistura ritmos tradicionais com beats modernos em hits como “Neverita” e “Después de la Playa”, onde flerta com a estética tropical e caribenha, com ecos da cumbia em meio ao reggaeton e mambo. A presença dele no cenário global ajuda a reafirmar que ritmos como a cumbia seguem sendo fontes pulsantes de criatividade, reinventando-se a cada geração.